Há valor estratégico na opção pela Ética. Vamos a ela!

 
O que se intuía no passado recente e no remoto era o princípio conhecido como difusão de responsabilidade: todos achavam que o governo e as corporações cuidavam dos problemas e a responsabilidade era deles, dos governantes e executivos. E nada era cobrado, por nada visto. A era da letargia.
Hoje, todas as mídias apontam e cobram, negociatas não são mais encobertas, inquéritos abertos, “delações premiadas”, apurações, corruptos e corruptores na cadeia e o vem pra rua abraça o país. Os três poderes e as corporações são questionados e investigados.
Exige às empresas, que almejam ser admiradas, adiantarem-se e antenadas à renovação dos paradigmas focalizarem a relevante questão da ética empresarial como estratégica. Algumas, repararem à nação as ações predatórias praticadas durante décadas. Fim da era do pago a festa e sou premiado.
Ademais, é importante manter a coerência entre o abordado nos códigos, que as de porte médio e grande, inclusive as que estão na passarela dos escândalos, possuem, e as práticas de seus acionistas, do CA, da diretoria e de seus empregados, por meio, principalmente, do alinhamento destes às discussões periódicas com os gestores, e acesso a canais diretos para denúncias, que se efetivarão pelo conhecimento, alinhamento e monitoramento ético dos seus quadros. É um intangível tangível com alto valor estratégico para o bom êxito das atividades empresariais. Era de todos enxergarem e participarem.
Há de haver, recorrendo às tendências, também a conscientização do cidadão-consumidor hoje atento, exigente e com pressa, mudança de atitude deles com as que: corrompem, agridem o ambiente, expõem e vendem produtos ruins, fora das especificações e validades, não entregam os produtos/serviços contratados, não exercem boas práticas organizacionais, enfim, violam os preceitos mantidos às esconsas, e desatualizados, dos códigos de Ética. Era do amadurecimento do cidadão.
Desse modo, o cidadão-consumidor adquire papel importante ao optar por não adquirir produtos e serviços das do grupo de malfeitos. Era da maior condenação.
Contudo, as empresas, se atentas e adotando as melhores práticas, passam a enxergar como valor estratégico o forte comprometimento ético de seus gestores e funcionários, retiram das gavetas da diretoria os códigos, e estimulam o debate com o seu pessoal, por meio de divulgação, consultas e, como reforço, reuniões periódicas. Era de evidenciar o comprometimento.
Assim, se há valor estratégico para as empresas, o caminho da Ética precisa ser vastamente conhecido, divulgado e debatido internamente, todos – todos, com viés de respeito às pessoas, profissional, empresas – para a conquista do consenso entre pessoas, a sobrevivência das empresas e a refrear à extinção dos empregos. Nada de esperar pela repercussão da delação – maior. Era do amadurecimento organizacional e profissional.
Além disso, o código não é uma peça acabada, definitiva. Não são eles concebidos com uma visão de permanência definitiva porque o mundo está em constante mutação e devemos considerar: época, local, comportamentos, porte e segmento das organizações, valores e princípios. É um princípio, um processo.
Enfim, o código, mensagem aberta das empresas à sociedade, se por todos – acionistas, membros dos conselhos, gestores, empregados, prestadores de serviços, principalmente, auditores e consultores… – respeitado, servirá de norte para a sadia convivência organizacional, daí para alinhamento propício à inovação e à busca incessante pelos ganhos de produtividade e, com isso, alcançam elevado grau de competitividade que tanto necessitamos. Portanto, há valor estratégico na opção pela Ética. Vamos a ela!
Luiz Affonso Romano é consultor, professor do Curso de Desenvolvimento de Consultores, diretor de Consultoria Organizacional do Ibef Rio e membro do Conselho Consultivo da ABCO.

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