Teto de Gastos ou Orçamento Base Zero | Quando se Gasta Mais do que se Ganha

Com o governo federal não é, ou não deveria ser, diferente de nossos lares e empresas: o tão falado teto de gastos é uma tentativa de conter o crescimento descontrolado das despesas públicas. A emenda constitucional 95/2016 estabelece que os gastos federais devem permanecer os mesmos: só podem aumentar de acordo com a inflação acumulada segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O governo tenta controlar, acertadamente, o crescimento de suas despesas. Assim evitam-se:
•    Aumentar impostos – com o objetivo de aumentar a receita
•    Emitir títulos (Títulos do Tesouro Nacional) – pagando juros cada vez mais altos, exigidos por investidores que sabem da necessidade do governo de financiar a dívida.
De volta ao cidadão e aos empreendedores: não temos o poder de aumentar nosso faturamento de forma impositiva, com “canetadas”. Podemos até deixar de pagar algumas dívidas, mas elas se tornarão uma bola de neve mais rápido do que as do governo, por estarmos sujeitos a taxas de juros bem mais altas. Nossa vantagem é que famílias e empresas, em geral, são muito mais eficientes em utilizar ferramentas de controle de gastos para se manter sua saúde financeira.
O principal objetivo do teto de gastos é obrigar a que se obedeça a um patamar máximo de despesas, independentemente de sua receita. Se uma nova despesa surge e estamos no limite, é necessário cortar outro gasto de valor equivalente para que o “teto não seja furado”. Em nossas residências, podemos substituir alguns produtos por outros de marcas mais baratas, desde que seu desempenho seja similar. Em nossas empresas acontece exatamente a mesma coisa. Precisamos economizar, mas sempre tendo a eficiência em mente: é o SLA (service level agreement ou acordo do nível de serviços). Podemos assumir novos compromissos, mas de um modo que permita a você economizar em retrabalhos, desperdícios ou que faça aumentar seu faturamento. Demitir nunca se encaixa nesse critério porque você pressupõe que quem ficou trabalhará por dois ou três. Sem mudanças estruturais nos processos isso nunca acontece. As pessoas têm limites físicos e legais para o que podem executar. Pense nisso ao eliminar despesas e ao contratar um novo gasto: tenha sempre à mão uma contrapartida viável. Fazer sempre mais com menos precisa significar eficiência, jamais perda de qualidade e empatia com clientes e funcionários. 
O OBZ (Orçamento Base Zero) surgiu justamente com base no conceito de eficiência. Nesse método não se estabelece apenas um teto para gastos, mas redução de custos e despesas, em particular mediante eliminação de desperdícios. E se alguém pensa que em pequenas e médias empresas não há desperdício está profundamente enganado. Há sim, e muito, e a dificuldade é decidir qual torneira a empresa deve fechar. Nem sempre as decisões são fáceis. Exigem do gestor capacidade de comunicação, envolvendo sua equipe e comprometendo a todos com o alcance de resultados. Este método propõe o desafio da visibilidade total em torno dos gastos da empresa. Promove-se o questionamento não só quanto aos limites máximos, mas às reduções: o que a empresa está gastando, quem está gastando e por quê. Não basta estabelecer um teto. É necessário desafiar os custos diariamente, incentivar a revisão de processos, partir de uma folha em branco e não simplesmente basear-se no orçamento do exercício anterior.
É mais difícil, consome mais tempo, obriga ao envolvimento integral dos gestores, justificando cada item do orçamento. Mas os resultados são sempre positivos. De todo o trabalho realizado pela Legere, talvez o mais satisfatório seja chegar ao fim de um processo de revisão estrutural e financeira de uma empresa e concluir, junto com os gestores, que é possível manter o quadro, produzir ou vender mais, sendo mais eficiente e lucrativo, e estabelecer os caminhos para isso.

 
TÂNIA PAES
Legere Consultoria e Treinamento Empresarial

Associada da ABCO
 
Crédito da imagem: Designed by Freepik

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