Procura-se o culpado

 
Ademais, a temperatura explode à medida que o endeusamento do consumo comanda as escolhas profissionais. Exige-se pouco do ensino porque não o querem por “vocação” e sim para atender o poder de compra e a academia que prepara para um mundo que não existe. Contudo, só adquire quem empreende ou está empregado. Hoje, qual é a participação da mão e mentes de obra no custo do produto, no mais das vezes irrisórias? Ou, ainda, quanto investimos em P&D e Inovação? Há que se incentivar.
 
A dispensa oportunista, inopinada
e brutal do pessoal é inescrupulosa
 
Há no ar um novo paradigma à espreita dos que coroam os organogramas. Pois ele em paralelo e à margem do dia a dia, modesto – embora persistente – aos poucos começa a tomar forma, e se materializando já em algumas (poucas) iniciativas de organizações pioneiras no que concerne ao reconhecimento da Responsabilidade Social de base.
 
Que voltem – os funcionários – no dia seguinte ou na segunda-feira, certos que terão mais dias de trabalho ou, com antecedência a preparação para a segunda carreira, no comércio, nos serviços, e, principalmente, na consultoria – o mercado que mais cresce.
 
A dispensa oportunista, inopinada e brutal do pessoal, sem a preparação adequada e devida para iniciá-los numa segunda carreira, num segundo trabalho, não é somente mesquinha, egoísta e, por vezes, até inescrupulosa. Precisa mudar!
 
Mais que uma crueldade ela é, antes de tudo, anacrônica e até ignorante, pois perde-se de cara o consumidor, aumenta a inadimplência, a insegurança, e perdemos todos – empresa, consultores, academia, governos, mídia – a oportunidade de não sermos simplesmente reativos – efeito dos tempos – para assumirmos o papel de agentes de mudança. Não mais vítimas desses maus tempos, mas, pioneiramente, artífices de um tempo novo, que ajudaremos a eleger, criar e a chegar a todos para embrenharmos, não só de raspão, tangenciando, mais fortemente na Responsabilidade Social. Entidades: chega de premiar quem paga a festa!
 
Há de haver, também e por outro lado, empregados mais conscientes elaborando o planejamento da carreira, a conversão bem planejada, a fim de não ficarem à mercê de abalos, da queda constante do emprego, e, sabendo que viverão mais tempo que seus pais, terem as rédeas da vida e da carreira bem firmes para, aí sim, escolherem o que desejam, inclusive, abandonar a empresa que não aproveita as suas potencialidades ou que não prima por boas práticas, pela ética, ou, ainda, por não entregarem ao consumidor o que prometem.
 
“Faz a conta dos dias de tua vida, perceberás que poucos restaram para ti mesmo” (Sêneca). Enfim, cabe a todos investir.
 
Luiz Affonso Romano
CEO do Laboratório da Consultoria e presidente da Associação Brasileira de Consultores (ABCO).

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